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Comunicação Não-Violenta: como aplicá-la na sala de aula

Cerimônia de fechamento Semente com uma exposição de Realidade Virtual na Avenida Paulista

A Comunicação Não-Violenta surgiu no início dos anos 60, quando o movimento a favor dos direitos civis nos Estados Unidos ganhou força. Foi nesse cenário contra a segregação racial que o psicólogo e orientador educacional, Marshall Rosenberg, criou a Comunicação Não-Violenta (CNV). Ela foi elaborada como uma técnica de mediação para instituições que eliminavam essa discriminação na época.


Esse método foi inspirado nos ensinamentos de Gandhi, o pacifista indiano que acreditava na condição compassiva natural. Segundo ele, esse estado aparece quando a violência é afastada do coração. Assim, segundo seus passos, Rosenberg define a Comunicação Não-Violenta como uma comunicação que leva as pessoas a se entregarem de coração. Ela engloba as habilidades de falar e ouvir, focadas principalmente na maneira como nos expressamos.


A CNV é baseada no desenvolvimento da compaixão e empatia e através dela, é possível estabelecer uma conexão do indivíduo consigo mesmo e também com os outros. As interações interpessoais ocorrem com mais respeito e atenção, já que os interlocutores passam a se comunicar de forma mais honesta. Assim como usam da escuta ativa para receber a mensagem. A Comunicação Não-Violenta é capaz de estabelecer conexões verdadeiras e relações profundas entre seus participantes.


Ela é construída por 4 componentes: observação, sentimento, necessidades e pedido. Um bom exemplo de sua aplicação é: “Eduardo, quando você me xinga em casa (observação), eu me sinto desvalorizada e triste (sentimento) porque preciso me sentir acolhida nesse ambiente (necessidades). Você pode conversar comigo de forma mais conscienciosa quando estiver chateado comigo?”



Desenvolvimento do programa Semente na Brasilândia

Esse conceito é empoderador, pois quando a pessoa assume a responsabilidade de se expressar de forma a abraçar a Comunicação Não-Violenta, ela pode mudar sua relação com as pessoas ao redor. Acolher as necessidades dos outros, sem julgamentos, são questões chaves para serem conquistadas. Igualmente, discussões que buscam o convencimento, o ganho do debate e utilizam de noções de “certo” e “errado”, são contraprodutivas.


Aliás, ela já foi empregada em diversas situações conflituosas, como Israel, Ruanda e Serra Leoa. Bem como pode ser usada para qualquer contexto que necessite comunicação para solucionar desentendimentos. Não é difícil imaginar outros cenários que possam se beneficiar da técnica de comunicação de Rosenberg. O método pode ser aplicado em qualquer situação que envolve relacionamentos interpessoais, inclusive na sala de aula.


Leia mais:


Comunicação Não-Violenta no ensino


A CNV, nas palavras do psicólogo, “começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante”. Sem dúvida, se estamos em um ambiente que estimula a agressividade e a competitividade, comportamentos violentos também serão incentivados. O objetivo é que o ambiente educacional seja acolhedor e favoreça a cooperação entre as pessoas. Exatamente por isso, usar a Comunicação Não-Violenta se torna uma ferramenta frutífera.


Projeto Semente no Campo Olimpo, SP

Empregar a CNV significa atender as necessidades de todos em vez de focar em diálogos pouco produtivos que geram ambientes hostis. Espaços dedicados à aprendizagem (físicos ou não), também trazem desafios ao relacionamento. Dessa maneira, a busca por uma cultura de paz na escola se faz necessária. O diálogo tem um papel muito importante no combate a violência e até no bullying. Outra vantagem é prevenir comportamentos infracionais e agressividade também na comunidade externa.


Para que funcione, é preciso que todos participem, tanto corpo docente quanto outros funcionários, para que os alunos possam seguir o exemplo. O ideal é que essa ferramenta seja usada em todas as situações que envolvam o ambiente educacional, desde reuniões até conversas informais. Logo, os alunos desenvolvem habilidades que vão além das comunicacionais, como pensamento crítico, capacidade de solucionar problemas e autoestima. 


Exemplos de como aplicar a Comunicação Não-Violenta no ensino:

  • Resolução de conflitos aplicando os 4 pilares da CNV

  • Incentivar a escuta atenta

  • Buscar compreender a necessidade das pessoas por trás das falas

  • Criar um espaço de não julgamento

  • Falar sobre a importância de compreender os próprios sentimentos e se expressar

  • Fomentar o diálogo e o entendimento da situação no lugar de punir

  • Criar atividades que promovam o diálogo entre o grupo

  • Realizar rodas de conversa ou expressão

  • Favorecer interações com diálogo e expressão de sentimentos

  • Responsabilizar um aluno como mediador de conflitos da turma

  • Usar uma tabela de sentimentos e sensações

  • Promover atividades que lidem e ajudem a administrar frustrações


Jogo-debate de Raças para trabalhar a empatia no Semente em Raposo Tavares

Nós da Fly, somos uma ONG com o propósito promover a educação transformadora para ajudar jovens e educadores a se tornarem cidadãos proativos para o mundo. Desenvolver habilidades socioemocionais, ou seja, a capacidade de se relacionar com outros indivíduos e superar desafios de maneira saudável e equilibrada é parte disso. Esse é o tema principal do e-book gratuito “Educação Socioemocional Brasileira”, produzido pela Fly.


A Comunicação Não-Violenta é uma ferramenta para melhorar a forma como nos comunicamos e trazer mais consciência na capacidade de nos relacionarmos. Por todos esses motivos, vale a pena empregá-la não apenas em contextos educacionais, mas também em qualquer tipo de relação humana.

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