A etimologia da palavra diversidade deriva do latim diversitas, atis, e significa “variedade, alteração, mudança, diferença”. De acordo com o dicionário, o conceito de diversidade é definido como “um substantivo feminino que caracteriza tudo aquilo que é diverso, que tem multiplicidade”, ou seja, é tudo aquilo que apresenta pluralidade e variedade. A inclusão, nesse contexto, é um fator crucial para promover uma diversidade maior no mercado de trabalho e nas outras áreas sociais.
No contexto social, a diversidade e a inclusão possuem funções similares e se completam, mesmo remetendo a significados diferentes. O pesquisador Romeu Kasumi Sassaki, conceitua a inclusão como o processo pelo qual os sistemas sociais comuns são tornados adequados para toda a diversidade humana - composta por etnia, raça, língua, nacionalidade, gênero, orientação sexual, deficiência e outros atributos - com a participação das próprias pessoas na formulação e execução dessas adequações. Dessa maneira, podemos perceber que, o conceito está atrelado a uma busca por integrar grupos diferentes em um mesmo ambiente, tendo em mente a pluralidade, que é raramente representada nos espaços sociais.
No âmbito profissional e social, a diversidade e inclusão é fundamental para aumentar a tolerância, auxiliar na convivência em sociedade e trazer bagagem cultural e social, proporcionando empatia e respeito com o próximo. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho, em 2019, existem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. Dentre elas, 30 milhões já estão em idade de trabalhar, entretanto, apenas 19 milhões declaram ter alguma ocupação. Portanto, as empresas precisam se conscientizar sobre o assunto e cada vez mais promover a diversidade no seu time.
Tecnologia e o mercado de trabalho
No mundo atual, a tecnologia é indispensável para os mecanismos das empresas, sendo um dos fatores que definem o nível de competitividade entre elas. Do mesmo modo, a sua integração na rotina dos seres humanos também se tornou primordial, pois o desenvolvimento tecnológico trouxe inúmeros benefícios para a vida dos homens, facilitando em diversos aspectos.
Embora o cenário esteja mudando aos poucos e o mundo se adaptando ao meio tecnológico, a diversidade ainda não é realidade na maioria das empresas e ainda há um longo percurso para ser percorrido. Segundo pesquisa da Atlassian, nos EUA, por exemplo, 95% dos colaboradores de tech são brancos, e 75% são homens. Dentre as empresas listadas na Fortune 500 (Lista anual com as 500 maiores corporações dos Estados Unidos em seus respectivos anos), apenas 5% das CEOs são mulheres. Já no Brasil, segundo pesquisa do IBGE 2016, aponta que apenas 20% dos 580 mil profissionais que atuam no mercado de TI são mulheres.
Ainda de acordo com o IBGE, a população negra do Brasil corresponde a 54,9% do total, mas apenas 4,7% deles estão no quadro executivo das organizações. Nesse aspecto, o levantamento Potências Negras Tec, realizada pela jornada Potências Negras, que foca no desenvolvimento da população preta e parda, e a Shopper Experience, contou com a participação on-line de 2.693 pessoas (1.528 pessoas negras e 1.165 de outras raças), entre junho e julho de 2021. O resultado mostra que 59% dos negros não trabalham na área de tecnologia, mas têm interesse em atuar nela. Entre os negros que estudam ou estudaram tecnologia, 41% trabalham na área. Ainda de acordo com levantamento, 29% das pessoas negras que trabalham com tecnologia têm cargo de gerência ou direção (no recorte por gênero, o índice para mulheres diminuiu para 28%) e entre brancos, o índice é de 46%. Na amostra pesquisada, 67% dos negros têm curso superior, contra 82% dos brancos.
As barreiras profissionais no mercado da tecnologia são evidenciadas também pelas pessoas que se identificam como LGBTQIA+, no qual têm menor chance de crescer na área e maior probabilidade de deixar a carreira e seguir em outras áreas, por conta dos frequentes assédios e desvalorização profissional, segundo cientistas da Universidade de Michigan e da Temple University, ambas nos Estados Unidos. Para a pesquisa, os cientistas entrevistaram mais de 25 mil pessoas e analisaram os dados sobre representatividade em cinco domínios de 21 sociedades. Dos entrevistados, aproximadamente 4% - aproximadamente 1 mil - se identificam como LGBT+.
Vantagens da diversidade no ambiente de trabalho
Promover a inclusão no mundo corporativo significa entender a importância do respeito e da valorização das diferenças. Além disso, se a empresa é conhecida por sua diversidade e inclusão, cada vez mais pessoas de diferentes origens terão interesse em se juntar a ela, facilitando a atração de novos talentos, já que os candidatos serão qualificados.
Algumas das vantagens são:
Ambiente agradável (Os colaboradores ficam mais satisfeitos com seus empregos e os conflitos no dia a dia diminuem, o que mantém a produtividade e a eficiência em alta).
Enriquecimento cultural (Pessoas com origens, crenças, etnias e orientações sexuais diferentes trazem para a organização ideias e visões de mundo diferentes).
Produtos mais criativos e inovadores (Com base nas diferenças de pensamentos e ideias, novos produtos vão surgindo).
Conexão com os clientes (Equipes que são excessivamente homogêneas tendem a ter mais dificuldades em desenvolver empatia por clientes com realidades e necessidades diferentes, já com equipes diversas, o resultado é diferente).
Melhores práticas para promover a diversidade
Recrutamento inteligente
O apoio à diversidade deve acontecer ainda no processo seletivo. Desde o início, os recrutadores devem buscar profissionais com diferentes perfis, evitando formar uma equipe com pessoas que pensam e agem da mesma forma.
Uma maneira de fazer isso é praticar a seleção às cegas e eliminar os candidatos que não possuem nos currículos detalhes que dizem respeito às qualificações do profissional.
Criação de comitês específicos
Atualmente, muitas empresas têm comitês para promover ideias e recrutamento de pessoas diversas. Esse tipo de ação pode ser uma ótima alternativa para conscientizar a equipe sobre a igualdade de gênero, racial e LGBT. Dessa forma, aumentará a empatia, o entendimento dessas causas e o respeito entre os colaboradores.
Tais comitês devem ser permanentes e contar com o apoio do setor de Recursos Humanos para desenvolver mais ações eficazes. Dentre algumas atividades para conscientização, estão: palestras, treinamentos, gincanas e distribuição de livros sobre o tema.
Estrutura organizacional da empresa
Também é interessante que a estrutura da organização seja um espelho para as outras em relação a sua diversidade e inclusão. Se mais da metade dos consumidores de uma determinada empresa são mulheres, faz muito mais sentido ter mulheres nos cargos de liderança do que homens, fazendo com que a identificação com os clientes fique mais forte.
Próximo passo importante quanto a isso, refere-se à revisão dos perfis funcionais na organização. Ou seja, deve ser analisado o plano de carreira e estrutura de cargos e salários, diferenciando os critérios de conquistas no ambiente profissional e identificando as competências e habilidades dos funcionários.
O preconceito precisa ser exterminado de todas as áreas, tanto pessoal quanto profissional e no seu lugar, devemos ter um mundo mais diverso. Dessa maneira, promovendo a diversidade e a inclusão no mercado de trabalho, a tecnologia exerce um enorme papel nessa mudança. Além das diversas atitudes, ela pode promover canais de comunicação mais assertivos com o funcionário, filtrando candidatos e processos seletivos de acordo com a perspectiva da organização.
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